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Ultimamente a saudade não tem perdoado. Ultimamente, como se não bastasse as velhas saudades, ainda veio acompanhar uma saudade recente.

Saudades de pessoas especiais. Saudades de detalhes que só aquelas pessoas proporcionaram...

Às vezes o que sinto, apesar das perdas, é gratidão. Gratidão por coisas tão pequenas significarem tanto, por esses detalhes que doem, mas ao mesmo tempo fazem um carinho na memória que, desesperada, tenta guardar cada lembrança. Gratidão por ter conhecido e sido cativada por cada um que agora me dói estar longe. A vida é efêmera, mas o que fica para quem está aqui são as memórias, os sentimentos despertados, as vivências, as histórias contadas entre risos (e às vezes lágrimas e risos). 

Cada dia é mais difícil ouvir O Anjo Mais Velho sem lembrar de alguém ou cantar Gostava Tanto de Você. Nunca em minhas releituras de O Pequeno Príncipe eu quis tanto chorar.

Agora você deve estar se perguntando aonde quero chegar e, bem, eu não sei. Talvez essa seja mais uma tentativa de guardar... Guardar os ciúmes do avô que pedia para o meu tio comprar o bebezinho da Panco para as crianças e a cara que ele fez quando pensei que havia o machucado e ele sequer havia entendido. Guardar o jeito calado do outro avô, o momento em que ele disse que eu estava "gata", os ovos mexidos com farofa, as moedas de R$ 1,00 diárias, a novela no meio da tarde, a cara vermelha quando ele ficava nervoso e a fala atropelada fazendo eu me perder. Guardar o sorriso do amigo que se foi, a risada de quando ele mexia com a gente pra dar uma animada, a imagem dele brincando na piscina com meu filho, os olhinhos brilhando depois de fazer uma pergunta simples e trabalhosa ao mesmo tempo, a sensação do melhor abraço do mundo e a voz dele quando brincava comigo; como queria que ele continuasse contrariando as estatísticas. 

É, pode ser que só agora eu tenha entendido O Pequeno Príncipe. E se só agora eu entendi, talvez não seja tão louco que a cada ano que passe as estrelas se tornem tão nostálgicas para mim.


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