Mais uma vez, em meio a insônia, Joana decidiu levantar-se da cama e beber um copo d'água. Mais uma vez, em uma daquelas noites quentes, isto não foi suficiente. Joana caminhou até a área de serviço e como em tantas outras vezes abriu a janela, colocou a cabeça para fora, fechou os olhos, deixou-se encantar pelo som da cigarra e pela brisa da madrugada. Abriu os olhos. Mais uma vez, como em todos os anos, ela podia enxergar as luzes de natal na casa de pessoas que ela nem conhecia. Sorriu. Muitas coisas haviam mudado, mas algumas permaneciam como antes. Joana se deixou levar mais uma vez pelo som da cigarra e pela brisa, relaxou. Mais uma vez, como em tantas outras noites, fechou a janela, apagou as luzes do corredor, deitou-se, mexeu-se de um lado para o outro, relembrou os últimos tempos, tentou imaginar seu futuro, pensou em parar de pensar na vida e em como isso era difícil e em como todos já sabiam disso, de repente conseguiu não pensar em nada, finalmente dorm
pois elas nunca nos deixam totalmente.