É engraçado como a rotina nos faz deixar de observar. Me lembro da primeira vez que fui para a faculdade (quando fui fazer a matrícula, acompanhada pelo meu pai): um caminho muito interessante, com casas bonitas, trechos com muitas árvores, boa parte do caminho em uma mesma avenida cheia de empresas de todos os ramos. Tudo isso era demais. O caminho era lindo. Bom, ainda gosto da rota, mas às vezes acabo percorrendo o caminho de forma automática, sem prestar atenção, até que olho para o lado e penso "Ei, essa casa já estava aí? Que jardim lindo! Será que consigo fazer algo parecido com isso no quintal lá de casa?" e percebo que estou perdendo minutos do meu dia entrando em "modo automático" durante o percurso da minha casa até a faculdade e da faculdade até minha casa. Perdendo a oportunidade de apreciar muitas coisas.
Refletindo e compartilhando minha paixão pela leitura com uma amiga, cheguei a conclusão de que os apaixonados por leitura são grandes curiosos . Sempre nos desviamos um pouco da leitura quando descobrimos um novo fato que pode ser a " grande revelação" da estória. Como disse a ela nessa conversa, uma estória acaba puxando a outra. Esperamos tanto para descobrir o que aconteceu, que muitas vezes ficamos insatisfeitos quando o descobrimos. Insatisfeitos por não ter sido como queríamos ou imaginávamos, insatisfeitos pelo fato daquele livro ter acabado, insatisfeitos porque somos tão curiosos que precisamos ler algo novo para poder ocupar o espaço daquela curiosidade com outra história. O mesmo acotece com a poesia, quando encontramos algo bonito não paramos de procurar mais e mais poemas. Ora, veja só, que curiosidade mais sadia e prazeirosa não é mesmo? Acho que seria muito mais eficaz se no lugar de gatos e suas sete vidas, oferecessemos um livro para aquela velha vizinha
Comentários
Com o tempo a gente acaba acostumando com a visão a nossa volta, e até perde a graça.
Esses dias estou andando muito no modo automatico.