Pular para o conteúdo principal

Seu nome era Mila

Antes que você continue lendo gostaria que soubesse que Mila não era, ela é. No entanto, gosto do tom de "seu nome era Mila". Você entende o que quero dizer com "tom"? Talvez seja algo como o clima do texto, o ar que envolve a história, gosto disso e espero que você não se incomode, pois é puro capricho e estilo, mas antes que eu perca o foco... 

Mila era uma daquelas pessoas que você olha e se pergunta: "como ela consegue fazer tudo o que faz?" e logo em seguida, por não encontrar resposta, deixa a pergunta de lado. Pois bem, esta era Mila: sempre ocupada, sempre com muitas coisas a fazer e, consequentemente, sempre cansada (ao menos aparentemente). 

Pensando bem, conheço muitas Mila's. Estão por aí... no transporte público de cidades bastante movimentadas principalmente: olhos cansados, sempre correndo, o rosto sério e preocupado, uma mochila grande e pesada (provavelmente com livros, garrafa d'água, blusa e guarda-chuva). Coisas a fazer, decisões a tomar, mais tarefas e mais tarefas. 

Imagino que neste ponto, através da descrição da nossa moça, você já deve ter lembrado de alguma Mila, ou muitas. No entanto, descrevi apenas a parte que muitos conhecemos, coisas fáceis de observar, mas acontece que Mila não passa todas as horas de seu dia no transporte público ou em ambientes sérios. Isso me leva a imaginar o que Mila faria quando finalmente chegasse em sua casa após mais um dia de tarefas e deveres.

Podemos imaginar que talvez a primeira coisa que Mila faria seria tirar os sapatos (claro, depois de abrir a porta). Oh, sim! Colocar os pés no chão gelado, que delícia! Logo em seguida Mila caminharia até o seu quarto e jogaria a mochila em sua cama, jogaria mesmo, sem muitas preocupações (então a mochila pularia da cama pro chão e Mila poderia arrepender-se por um segundo). Ela poderia caminhar sem peso e finalmente tomaria um bom banho (rápido) para relaxar e colocar sua roupa mais confortável. E no lugar de cuidar das coisas que a sociedade lhe impôs, Mila faria coisas simples como assistir algum filme, ler algum livro ou qualquer outra coisa. 

O que posso dizer é que Mila, como muitos de nós, aproveitava as pausas para fazer as coisas simples das quais gostava, afinal, uma das coisas que são mais nossas na vida são as pausas, os nossos momentos, que não precisam esperar tanto em um dia tão longo, talvez eu devesse dizer à Mila para parar um pouco mais. Talvez. 

Isabela C. Santos

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Devoradora de livros

Refletindo e compartilhando minha paixão pela leitura com uma amiga, cheguei a conclusão de que os apaixonados por leitura são grandes curiosos . Sempre nos desviamos um pouco da leitura quando descobrimos um novo fato que pode ser a " grande revelação" da estória. Como disse a ela nessa conversa, uma estória acaba puxando a outra. Esperamos tanto para descobrir o que aconteceu, que muitas vezes ficamos insatisfeitos quando o descobrimos. Insatisfeitos por não ter sido como queríamos ou imaginávamos, insatisfeitos pelo fato daquele livro ter acabado, insatisfeitos porque somos tão curiosos que precisamos ler algo novo para poder ocupar o espaço daquela curiosidade com outra história. O mesmo acotece com a poesia, quando encontramos algo bonito não paramos de procurar mais e mais poemas. Ora, veja só, que curiosidade mais sadia e prazeirosa não é mesmo? Acho que seria muito mais eficaz se no lugar de gatos e suas sete vidas, oferecessemos um livro para aquela velha vizinha ...

Sabe AQUELE quadradinho?

Estive pensando durante uma prova: o mais difícil é responder as questões ou pintar aqueles "quadradinhos" com a caneta?  Além de não poder olhar para os lados com medo de que imaginem que estamos colando e ficarmos com dor no pescoço de tanto olhar para baixo, ainda temos que preencher aqueles torturantes "quadradinhos" no fim da prova! Isso enquanto "brigamos" com a pessoa da carteira de trás que insiste em invadir o nosso espaço embaixo da cadeira. Colocamos os pés para trás e a pessoa estica os pés para frente. Encontro de pés. Ao sentirmos os pés da outra pessoa, sentamos corretamente, sem esticar ou colocar as pernas embaixo da cadeira. É impressionante como os avisos impressos na folha do gabarito fazem eco em nossas mentes, algo como: Preencha CORRETAMENTE os quadradinhos. NÃO RASURE. NÃO RASURE. NÃO RASURE. NÃO ERRE. NÃO ERRE. NÃO ERRE! A preocupação é tão grande que os riscos de errarmos no preenchimento do quadrado são altas. ...

Se todos soubessem voar

Se todos soubessem voar, eu ia acabar andando a pé mesmo, já que o medo de altura não me permitiria ficar a mais de 15cm do chão. Iriam haver congestionamentos em vários pontos do céu, já que deitados ocupamos um espaço maior; seriam criadas faixas diferentes para os aviões, pessoas e aves (mas estas sempre invadiriam as outras faixas); depois de muito pesquisar, nós criaríamos faróis que seriam mantidos no ar por máquinas semelhantes a helicópteros. Pensando bem, se todos soubessem voar, não iríamos mais precisar de aviões, nem de pilotos, aeromoças e os outros funcionários que contribuem para que esse enorme pedaço de metal possa voar e nos transportar com segurança e conforto. Seria um enorme problema essa história de todos saberem voar. O desemprego iria aumentar, humanos se chocariam com aves, e ninguém mais iria querer andar quando estivesse fora de casa, exceto aqueles que por medo de altura, jamais iriam querer voar. No fim deste texto, c...