Levantei-me, arrumei o pijama no corpo, olhei-me no espelho. O reflexo parecia o mesmo: os olhos, a pele, os cabelos... Mas havia algo ali que não existia antes.
Estranhamente olhei para mim mesma como se fosse outra pessoa. Talvez até fosse. O que o meu eu do passado diria sobre mim agora? As mudanças foram tantas; foram muitas, realmente. Mas eu sabia que de algum jeito, apesar de tudo, eu ainda era aquela mesma pessoa de anos atrás. O que havia mudado era o modo de me colocar diante da vida, das pessoas, de tudo o que acontecia ao meu redor. O que havia mudado era a capacidade de dizer "não" ou responder com bom humor e em uma sacada rápida quando diziam algo para me atingir. Talvez toda a diferença que eu percebia era a coragem para ser quem sou e todo aquele afastamento do meu eu do passado fosse, na verdade, um encontro comigo mesma (que ironia). O afastamento era em aparências: em essência eu sabia que ainda era a mesma.
Mais um dia havia começado e a gratidão por não ter me perdido em tantas mudanças havia me tomado. Troquei de roupa, estava na hora do café.
Isabela C. Santos
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