De onde veio está ideia tão presente de que temos que fazer algo útil a todo o tempo? De que toda brincadeira tem que ser educativa (acredite, não é porque um adulto não preparou a brincadeira que a faz deixar de ser importante), que o bom mesmo é estar aprendendo a todo o tempo? Onde foi parar o tempo de simplesmente fazermos nada? Aquele tempo em que observamos as coisas bobas como a sombra na parede ou o modo como as coisas estão organizadas (ou não)? Precisamos de tempo para nós mesmos, para fazer aquelas pequenas coisas que não terão utilidade para as outras pessoas e não mudará a vida de ninguém; talvez as nossas. Que mal faz relaxar, esquecer tudo o que nos cansa e nos estressa normalmente? Que mal pode nos fazer tentar viver levemente? Sim, não tenha dúvidas, estou defendendo que façamos nada de vez em quando. Fazer nada sozinhos ou com alguém. Observar a estante por observar não é nenhuma loucura.
Refletindo e compartilhando minha paixão pela leitura com uma amiga, cheguei a conclusão de que os apaixonados por leitura são grandes curiosos . Sempre nos desviamos um pouco da leitura quando descobrimos um novo fato que pode ser a " grande revelação" da estória. Como disse a ela nessa conversa, uma estória acaba puxando a outra. Esperamos tanto para descobrir o que aconteceu, que muitas vezes ficamos insatisfeitos quando o descobrimos. Insatisfeitos por não ter sido como queríamos ou imaginávamos, insatisfeitos pelo fato daquele livro ter acabado, insatisfeitos porque somos tão curiosos que precisamos ler algo novo para poder ocupar o espaço daquela curiosidade com outra história. O mesmo acotece com a poesia, quando encontramos algo bonito não paramos de procurar mais e mais poemas. Ora, veja só, que curiosidade mais sadia e prazeirosa não é mesmo? Acho que seria muito mais eficaz se no lugar de gatos e suas sete vidas, oferecessemos um livro para aquela velha vizinha
Comentários
Estou te seguindo.
Beijos Pri.